domingo, 8 de novembro de 2009

Haikais

Uma vez, depois de ler alguns Haikais publicados por Guilherme de Almeida, atrevi-me a escrever alguns. Tratos à bola, rachei a cabeça e descobri um excelente exercício - e gostoso: escrever haikais. Tente (se não souber como contar as sílabas na poesia, o "Tio Google" ensina).

Haikai - poesia japonesa criada por Bashô no século XVII (não exige rima, apenas frases conexas)

5 sílabas / 7 sílabas / 5 sílabas

Um exemplo do próprio Bashô

"Furu ike ya
Kawazu tobi komu
Mizu no oto
"

Traduzindo:

No tanque morto

o ruído de uma

rã que mergulha


Meus Haikarlos (sem métrica mas com a rima Guilhermina - Haikarlos? Neologismo by Profa. Alessio)


Dormindo

Na noite do escuro soturno

Cada casa se cala

Só não cala o sonho noturno

Má sorte

Todos até creem

Que a má sorte pode dar em morte

Mas nem todos veem

Preguiça

Vejo televisão

Se procurar e nada achar

Cochilo no chão

Meus haikais... (com o número certo de sílabas)

Canoro

O canário canta

Em uma manhã cinzenta

O povo encanta

Já era

O ovo podre caiu

O pobre pinto morreu

O mundo ruiu

TCndo

A menina tecla

O computador processa

E ela trabalha

Chuva

Muita água lá fora

Aqui dentro tá escuro

Acendo a luz

Primavera

A rosa abre

No mundo cinza sem cor

E a luz reabre

Meus Haikais Guillerminos (Guilheme de Almeida introduziu a rima: a primeira rima com a terceira e a segunda numa rima interna, consigo mesma) - mesmo número de sílabas do Hakai japonês [5-7-5].


A Caverna

Daqui não permita

Que pegue, tire e leve

Saudade? Admita

Lei de Murphy

Se era para perder

Por que lutou? Devotou?

Melhor esquecer

Queimou

A moça vê TV

Do fogão não tem noção

Queimou o pavê

Já era

Um corpo cai

No chão desse mundo cão

A vida se esvai

Ex-fome

Pizza com Maria

Comer e a fome perder

Noite ou dia

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